segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Pitões das Júnias

No sábado passado regressamos a Pitões das Júnias, a aldeia do alto Barroso, no concelho de Montalegre que começou a ficar famosa depois da monografia que o Professor da Faculdade de Letras de Lisboa, Manuel Viegas Guerreiro, publicou no princípio dos anos 80 sobre a vida comunitária desta gente, muito parecida com a de Vilarinho das Furnas. É curioso verificar que o turismo realmente tem ajudado estas aldeias do interior porque desde a última vez que aqui estivemos, em 2006, há já mais casas recuperadas e mesmo casas novas. Poderá esta tendência dos citadinos se voltarem cada vez mais para a Montanha e o Campo salvar a nossa cultura rural? Pela nossa parte, temos feito por isso. Basta lembrar que começamos este tipo de caminhadas pelas montanhas há mais de 15 anos, quando nem sequer havia aínda os percursos pedestres assinalados. S. Dâmaso como pioneiros no interesse pelas montanhas! É bonito!


Regressando ao presente, esta foi sem dúvida um das caminhadas mais difíceis da nosssa História. Primeiro visitamos o Mosteiro de Santa Maria das Júnias e a Cascata.


Mas desta vez não nos limitamos ao percurso assinalado e quisemos subir á pequena e branca capela de S. João da Fraga onde os locais realizam uma festa anual e que se vê de longe como ponto de luz no cimo das rochas gigantescas. Só de olhar assusta! É uma escalada penosa, que nos leva a refletir sobre as razões do Homem para se ultrapassar a si mesmo. Diz o professor Guerreiro sobre esta subida á capela em dia de S. João: "Acede-se ao cimo por escadaria aberta na rocha a golpes de pico. Obra de gigantes. E os blocos de granito de que é feita a capela? E levá-los para lá? E porquê ali tão longe? Os grandes espíritos sempre povoaram as alturas, mas a resposta aqui é também a fé em S. João, que livra a fazenda dos lobos".


Mas chegar é recompensa suficiente pelo esforço, já que a vista é de cortar a respiração. Almoçamos á sombra da capelinha e como já conteceu antes, um Bobi apareceu do nada e juntou-se a nós. Foi mais um a partilhar o farnel e que nos acompanhou depois até ao lugar onde deixamos os carros.


Como aínda era cedo, passamos pela aldeia de Tourém, rica dos proveitros do contrabando de outrora, como provam as grandes casas de pedra que abundam na povoação. Para complemento, fomos até á fronteira com Espanha por uma curiosa "lingua" que atravessa o rio e entra dentro de Espanha mantendo-se aínda Portugal.


Depois foi seguir a estrada espanhola até Lobios e daí entrar de novo pela fronteira de Portela do Homem, descer ao Gerês e regressar a casa.

Até à próxima.